Solo lunar revela pistas inéditas sobre o magnetismo da Lua

19/11/2025

Pesquisadores anunciaram uma descoberta inesperada em amostras de solo coletadas pela missão chinesa Chang'e-6, que pode explicar as misteriosas anomalias magnéticas presentes em regiões da Lua.

As análises revelaram partículas microscópicas de óxidos de ferro, como hematita cristalina e maghemita — materiais que, em teoria, não deveriam se formar com facilidade em um ambiente extremamente seco como a superfície lunar. O estudo foi publicado na revista Science Advances.

Uma Lua mais "enferrujada" do que se imaginava

A presença de ferrugem na Lua já havia sido sugerida antes. Em 2020, instrumentos da missão Chandrayaan-1, da ISRO, identificaram assinaturas de hematita em regiões polares. Amostras das missões Apollo também apresentaram indícios de ferro oxidado, embora inicialmente os cientistas tenham atribuído aquilo a contaminação após o retorno das rochas à Terra.

Novas análises das missões Chang'e-5 (2022) e agora da Chang'e-6 reforçam que esses óxidos realmente fazem parte da composição do regolito lunar — e não são artefatos trazidos do planeta.

Impactos violentos gerando oxigênio

Os pesquisadores observaram que as amostras com sinais de ferrugem eram, em grande parte, brechas, rochas formadas por fragmentos soldados por calor e pressão extremos. Essas condições são típicas de impactos de meteoritos, muito frequentes ao longo da história lunar.

O aquecimento súbito provocado por esses impactos pode liberar oxigênio das rochas, permitindo que ele reaja com ferro presente no solo e produza hematita. Esse processo seria especialmente comum na região da bacia Polo Sul–Aitken, onde a Chang'e-6 coletou o material.

Ligação com o magnetismo lunar


Segundo os autores do estudo, a formação de óxidos de ferro — especialmente a maghemita — pode estar diretamente associada às anomalias magnéticas detectadas nessa área. As novas evidências ajudam a explicar como certos pontos da Lua apresentam magnetismo intenso apesar de o satélite não possuir campo magnético global.

A descoberta fornece pistas importantes sobre a evolução geológica da Lua e sobre os processos que moldaram seu ambiente ao longo de bilhões de anos.