A Cidade Perdida da Colômbia: Uma avançada civilização descoberta que altera o que sabemos sobre nosso passado!!

26/11/2022

Em 1976, um grupo de arqueólogos colombianos e seus guias embarcaram em uma missão cansativa para salvar um antigo local de saqueadores. Empunhando facões, eles avançaram gradualmente pelo sopé da Sierra Nevada de Santa Marta, perto da costa caribenha da Colômbia.

A área já foi habitada pelos Tairona, uma civilização avançada pré-colombiana que floresceu nos séculos anteriores à conquista espanhola no século XVI. Seus assentamentos notáveis e interconectados estavam sendo lentamente redescobertos, escavados, documentados e estudados por pesquisadores. Dias depois, os arqueólogos, todos membros do Instituto de Antropologia da Colômbia, estavam sentindo a tensão. A longa caminhada pela densa selva foi agravada pelo calor escaldante, chuva torrencial e picadas de insetos.

A missão deles no momento era urgente: as autoridades haviam sido avisadas de que um grande sítio arqueológico havia sido encontrado por saqueadores arqueológicos. Itens do sítio antigo já começaram a aparecer no mercado negro de antiguidades. A equipe precisava colocar o local sob controle do estado antes que mais danos fossem causados ao patrimônio do país.

A equipe estava tentando chegar a uma área geralmente conhecida como Teyuna, que passaram a chamar por um nome mais informal: Ciudad Perdida, "cidade perdida". Os Tairona abandonaram muitos de seus assentamentos no final dos anos 1600, mas seus descendentes que ainda vivem na Sierra Nevada nunca consideraram a cidade realmente perdida. Para quem está de fora, o local havia desaparecido, engolido pelos 15.000 quilômetros quadrados de selva da Sierra Nevada.

Guerreiros

A cultura Tairona se desenvolveu na região por volta de 200 d.C. Os Tairona eram parentes dos povos Muisca, que viviam ao sul em torno do que hoje é a capital colombiana de Bogotá. Assim como os Muisca, os Tairona se destacavam no artesanato de metais preciosos como o ouro, o que pode ter alimentado o mito do Eldorado. Eles foram conhecidos por sua resistência aos conquistadores espanhóis, afastando os invasores até cerca de 1600, um feito notável dada a subjugação relativamente rápida dos poderosos incas e astecas.

O cronista espanhol Juan de Castellanos os identificou como "Tairos" em meados dos anos 1500. Suas roupas visivelmente ricas atraíram a atenção de outros cronistas, que os descreveram como "astutos" e "imperiosos". Os espanhóis relataram que usavam capas estampadas, cocares de penas e colares de madrepérola, cornalina e ouro. Uma civilização muito desenvolvida em vários aspectos. 

Missão: Teyuna

No final do século 20, rumores do tesouro Tairona na selva atraíram saqueadores. No início da década de 1970, milhares de huaqueros operavam em Sierra Nevada, empregados por líderes de gangues. Dois dos trabalhadores foram Florentino Sepúlveda e seu filho, que em 1975 descobriram degraus de pedra subindo uma encosta.

Percebendo que haviam tropeçado em um local não escavado, os Sepúlvedas encontraram artefatos, que saquearam e depois venderam. Quando outros huaqueros souberam da descoberta, uma violenta guerra territorial estourou. No final, alguns saqueadores decidiram cooperar com as autoridades e repassaram a eles informações sobre a localização do local.

Os arqueólogos do Instituto Colombiano de Antropologia exploravam a região desde 1973 e já haviam localizado 199 aldeias Tairona. A expedição despachada para garantir essa nova e empolgante descoberta consistia em uma equipe de três arqueólogos, um arquiteto e dois saqueadores que se tornaram guias - algo que foi muito importante para preservação.

Um sobrevoo baixo confirmou que a vegetação era muito densa para pousar de helicóptero, então a equipe decidiu ir a pé e cortar o 'infierno verde' (mata fechada).

A primeira coisa que viram ao subir a escada principal de Teyuna, com cerca de 1.200 degraus, foram os primeiros sinais de saqueadores: buracos e cacos de cerâmica espalhados por todo o chão. Cortando o crescimento da selva o melhor que puderam, eles revelaram mais escadas, terraços e restos de outros edifícios maciços em boas condições. Ao longo de três dias no local, eles observaram e esboçaram suas descobertas sob uma chuva implacável.

Ao regressar, Álvaro Soto, diretor do Instituto de Antropologia, compreendeu de imediato a importância do achado: "Era o sítio monumental por excelência da Colômbia; fazia parte da nossa identidade e era um elo com o nosso passado pré-hispânico", afirmou. 

Engenharia antiga

Nas décadas desde então, um projeto de pesquisa em grande escala restaurou as 200 estruturas, incluindo casas circulares, estradas pavimentadas, escadas, terraços, praças, áreas cerimoniais, canais e armazéns. A cidade está posicionada ao longo de uma montanha íngreme com caminhos de pedra e escadas que ligam diferentes partes da cidade. O centro administrativo, político e cerimonial de Teyuna concentrava-se no terraço que coroava o complexo, enquanto os bairros residenciais se espalhavam pelas encostas.

Os arqueólogos acreditam que os Tairona construíram Teyuna no século IX, cerca de 650 anos antes de Machu Picchu. Seu nome na língua Chibcha significa "origens dos povos da terra". Fazendo jus ao seu nome, tornou-se o centro espiritual e econômico do povo Tairona. Em seu auge, acredita-se que Teyuna tenha abrigado entre 2.000 a 8.000 habitantes. A cultura não havia desenvolvido a escrita e, apesar de não conhecer a roda nem o uso de animais, conseguiu durante séculos produzir um excedente agrícola.

A cultura e a economia de Teyuna parecem ter continuado funcionando bem após a conquista espanhola. A cidade foi abandonada em 1600, mas muitos acreditam que a população local foi devastada por doenças introduzidas pelos espanhóis e não pela conquista militar.

Encontrando a Cidade Perdida

A partir do final da década de 1980, os trabalhos arqueológicos no local foram interrompidos pela violência e pelas consequências da guerra civil na Colômbia. O trabalho e o acesso turístico limitado foram retomados em 2006. O local permanece extremamente isolado e de difícil acesso. Os visitantes ainda precisam caminhar por vários dias para alcançá-lo, embora não precisem mais abrir caminho pela selva para apreciar a fortaleza e a engenhosidade de uma das culturas mais notáveis e avançadas da América do Sul.

Fonte: National Geographic

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