Descoberta subaquática: humanos da Idade da Pedra esculpiram com precisão um pilar de pedra de 15 toneladas e o carregaram por 300 metros

26/02/2024

Há mais de 9.300 anos atrás, grupos nômades da Era Neolítica realizaram uma proeza impressionante em uma região do Mar Mediterrâneo que hoje jaz sob as águas. Com habilidades surpreendentes, eles esculpiram um pilar de calcário de 15 toneladas, perfuraram-no com precisão e o moveram por quase 300 metros (aproximadamente 984 pés). Este pilar estende-se por 12 metros (cerca de 39 pés) de comprimento.

Em 2012, ao explorar o fundo marinho do Canal da Sicília, situado entre a Tunísia e a Sicília, oceanógrafos descobriram este monólito a 40 metros (131 pés) de profundidade. Uma investigação recente publicada no Journal of Archaeological Science indica que essa região submergiu cerca de 9.000 anos atrás. Antes dessa submersão, o local fazia parte de um mar raso, cercado por um arquipélago, estrategicamente localizado entre a Sicília e o norte da África.

Esse achado desafia a percepção de simplicidade tecnológica comumente associada a sociedades de caçadores-coletores.

Utilizando uma técnica detalhada, os pesquisadores analisaram pequenos fragmentos de conchas que estavam embutidos na superfície do monólito. Essa análise permitiu-lhes estimar a idade da estrutura. O resultado dessa investigação mostrou que a composição química do pilar é exatamente a mesma do calcário localizado nas proximidades, indicando sua proveniência local. 

Além disso, sabemos que a região onde o monólito foi encontrado submergiu sob as águas do mar aproximadamente 9.350 anos atrás, devido ao derretimento das geleiras no final da última Era Glacial. Isso significa que o trabalho de extração e modelagem do pilar de pedra aconteceu antes dessa inundação, sublinhando a habilidade e o planejamento avançados dos povos daquela época.

Emanuele Lodolo e Zvi Ben-Abraham, autores do estudo, sugerem que essa descoberta evidencia uma notável presença humana mesolítica na região do Canal da Sicília.

Eles argumentam que a pedra foi extraída de uma formação rochosa específica, transportada e possivelmente erguida a cerca de 300 metros de distância.

Os investigadores ainda não desvendaram a finalidade específica do monólito, contudo, sua posição geográfica sugere que ele estava situado em um ponto de significativa importância, exatamente no meio do caminho entre a Sicília e a Tunísia. 

Os autores enfatizam que o monólito, esculpido de um único bloco de pedra, destaca a sofisticação técnica e engenharia avançada dos habitantes mesolíticos. Este achado desafia a noção de que nossos antepassados eram incapazes de explorar os mares ou realizar travessias marítimas, e coloca em questão a ideia de "primitivismo tecnológico" frequentemente atribuída a essas comunidades.

A descoberta deste sítio submerso no Canal da Sicília promete expandir nosso entendimento sobre as primeiras civilizações mediterrâneas e o nível de inovação tecnológica e desenvolvimento atingido por essas populações mesolíticas. 

A idade do sítio, posicionando-o no início da Era Mesolítica, juntamente com outras descobertas como Göbekli Tepe na Turquia, transforma a compreensão sobre as capacidades tecnológicas e sociais dos povos da Idade da Pedra, desafiando a visão de que estavam limitados a simples atividades de caça e coleta. Os autores sugerem que mais explorações submarinas podem revelar ainda mais sobre as origens das civilizações no Mediterrâneo e a verdadeira extensão da habilidade humana na pré-história.

Fonte: Ancient Origins