A tempestade solar que ocorreu há 2.700 anos foi documentada em tabuas assírias

03/09/2022

As tabuas mencionavam raros céus vermelhos, descrevendo-os como "nuvem vermelha", "o vermelho cobre o céu".

Eventos solares raros, incluindo pelo menos três enormes tempestades solares, foram encontrados em antigas tabuas cuneiformes assírias. As tempestades correspondem a informações de anéis de árvores, mostrando que os eventos ocorreram por volta de 660 aC.

Os astrônomos começaram a observar manchas solares usando telescópios por volta de 1610, mas os babilônios e assírios começaram as observações astrológicas no século VIII.

Os eventos climáticos espaciais, incluindo tempestades solares e geomagnéticas, constituem uma ameaça significativa para a civilização moderna, devido à nossa crescente dependência de uma infraestrutura eletrônica, disse o principal autor Hisashi Hayakawa, da Universidade de Osaka, no Japão.

Recentemente, os cientistas conseguiram distinguir vários eventos climáticos espaciais severos anteriores a 1610 estudando o radiocarbono em anéis de árvores. Isso inclui eventos em torno de 775, 993 e 994 dC.

A equipe de pesquisa se concentrou em três eventos que aparentemente ocorreram nos anos por volta de 660 aC.

"Esses eventos ocorreram muito antes do início das observações instrumentais, bem fora da faixa mais moderna de ampla cobertura observacional", disse a equipe.

Eles continuaram: "Os babilônios e assírios começaram as observações astrológicas no Século VIII."

Os autores do estudo realizaram um levantamento de registros aurorais mantidos pelos assírios para saber se havia eventos que correspondam a informações científicas sobre a atividade solar antiga.

Eles descobriram que tabuas cuneiformes, tabuas retangulares de argila com inscrições, continham registros de auroras entre 680 e 650 aC. As tabuas mencionavam raros céus vermelhos, descrevendo-os como "nuvem vermelha", "o vermelho cobre o céu". Os cientistas acreditam que o fenômeno descrito é provavelmente devido a "arcos vermelhos aurorais estáveis", onde campos magnéticos acionam elétrons em átomos de oxigênio atmosféricos para expelir luz.

Além disso, a equipe enfatizou que o pólo norte magnético da Terra estaria mais próximo do Oriente Médio do que está no presente, sugerindo que eventos associados à atividade solar teriam sido vistos mais ao sul do que hoje.

Acredita-se que essas tabuas sejam os "registros datáveis mais antigos de auroras" que apóiam a hipótese de que houve um aumento da atividade solar naquela época.

Ao examinar a atividade solar séculos atrás, os cientistas dizem que serão capazes de prever fenômenos futuros.

"Essas descobertas nos permitem recriar a história da atividade solar um século antes dos registros disponíveis anteriormente. Esta pesquisa pode ajudar na nossa capacidade de prever futuras tempestades magnéticas solares, que podem danificar satélites e outras naves espaciais", disse o autor sênior Yasuyuki Mitsuma.

O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal Letters.