A Cabeça Colossal de Decebalus, Rei dos Dácios

23/07/2021

No coração de Roma ergue-se uma coluna de 38 m de altura construída no século 2 d.C. Esculpidas em baixo relevo em espiral ao redor do monumento estão mais de 2.600 figuras, representando os combatentes de guerras travadas em uma terra distante.

A coluna é conhecida como Coluna de Trajano (imagem abaixo). Uma das figuras mais importantes da coluna é Decebalus, o líder dos Dácios, também conhecido como Rei Decebal.

Em uma cena, ele é mostrado sem vida após ser derrotado pelos romanos, preferindo a morte à subjugação. A derrota e o suicídio de Decébalo marcaram o fim da Segunda Guerra Dácia e a absorção da Dácia pelo Império Romano.

O espírito de Decébalo, entretanto, não morreu e foi 'revivido' nos últimos anos na Romênia, que já fez parte do Reino Dácio. Isso pode ser visto com mais ostentação, talvez, na escultura de pedra colossal da Cabeça de Decébalo.

O projeto de esculpir a cabeça colossal de Decebalus foi ideia de um rico empresário romeno, Iosif Constantin Drăgan. Em 1985, Drăgan escolheu a rocha a ser esculpida, um afloramento de 128 m de altura localizado na área de Iron Gorge.

Talvez uma das razões pelas quais Drăgan escolheu este local foi devido ao fato de que a Tabula Traiana, um memorial à conquista romana da Dácia, estava localizada no lado oposto do rio.

O trabalho só começou anos depois, em 1993, depois que a montanha foi comprada por Drăgan. A obra deve ter sido um desafio para as pessoas envolvidas com o projeto, que estavam sob a direção do escultor italiano Mario Galeotti.

Antes da escultura propriamente dita, várias outras tarefas tiveram que ser realizadas, desde a coleta de amostras para determinar a qualidade da rocha até a produção de esboços iniciais. A localização da escultura também dificultou o acesso, sendo necessários barcos para transportar o equipamento necessário aos operários.

Além disso, os trabalhadores tiveram que escalar da base da rocha até o andaime erguido antes que pudessem começar a lascar a pedra. Era uma tarefa difícil e perigosa e, segundo relatos, só essa parte consumia até meia hora por dia.

Nos dez anos seguintes, os operários trabalharam seis horas por dia em dois turnos, de março a outubro. Usando dinamite, pedaços maiores de rocha foram explodidos, enquanto o trabalho mais fino foi feito com martelos pneumáticos e picaretas.

Durante os primeiros seis anos, o esboço básico da escultura foi produzido. Depois disso, mais quatro anos foram gastos trabalhando nos retoques finais e pequenos detalhes. Em 2000, a placa comemorativa, que fica embaixo da escultura, foi concluída.

Nela havia uma inscrição em latim: DECEBALUS REX DRAGAN FECIT, que significava "Rei Decébalo, feito por Dragan".

A escultura da cabeça de Decébalo não é apenas uma obra de arte de um empresário ambicioso. Havia outra razão para Drăgan encomendar este trabalho. Drăgan foi um ardente defensor do movimento do protocronismo, uma ideologia que via a Romênia como o berço da civilização.

Os defensores do movimento do protocronismo acreditam que a partir da Romênia, a civilização "alcançou as terras sumérias, Egito, Turquia e Grécia, ao norte alcançou a Escandinávia e ao oeste avançou até as antigas regiões da Alemanha e Britânia".

Assim, Decebalus é retratado como um herói nacional e cujos ancestrais foram os iniciadores da civilização humana. Naturalmente, os defensores do movimento do protocronismo acreditam que os romenos de hoje são herdeiros desse grande legado.

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